A Filipa Teles a viver o seu Desenho

Fizemos uma entrevista à Filipa Teles, uma projectora que amamos e que já teve no podcast (episódio 28). Esperamos que gostes e te inspires com ela. 

Lembras-te quando descobriste o Human Design pela primeira vez?
Sim, perfeitamente. Foi de forma inesperada, durante uma consulta com uma paciente. Ela falou-me sobre o tema e pediu-me para gerar o Desenho ali mesmo. Assim que olhou para o resultado, disse: “Ah, claro que só podias ser Projectora.” Fizemos também o Desenho do meu marido e dos meus filhos. Aquilo ficou a ressoar em mim durante quase um ano. Depois, comecei a reparar que o tema estava em todo o lado — as pessoas falavam cada vez mais sobre isso. Quando descobri o Siddhi e recebi as Chaves, tudo fez tanto sentido! Era como se finalmente tivesse encontrado o manual que faltava para compreender a minha essência — algo que me teria sido tão útil saber desde a infância e adolescência!

O que sentiste ao descobrir que és uma Projectora?
Foi uma mistura de surpresa, medo e alívio. Durante quase 15 anos vivi como uma Geradora — sempre em modo “fazer”, altamente produtiva. Embora conseguisse atingir objetivos rapidamente, isso teve um impacto forte no meu bem-estar físico e emocional. O meu ciclo menstrual, por exemplo, era frequentemente irregular ou, em certas fases, deixava de existir. Quando trabalhei a bordo do SPA da Disney como TCM doctor, atingia os targets, mas o meu ciclo ficava suspenso — acreditas? Na altura, percebia que poderia estar relacionado, mas não fazia a ligação a 100%. E, de certa forma, estava motivada naquela etapa da minha carreira. Chegaram até a diagnosticar-me infertilidade quando tinha 23 anos. Felizmente, através da medicina chinesa, consegui reverter essa situação e fui mãe aos 26 anos.

Mas descobrir que era Projectora deixou-me muitas questões e medos. O ritmo que tinha desenvolvido funcionava e trazia resultados imediatos. Por isso, a ideia de abrandar assustava-me — temi perder tudo o que tinha construído até ali se me permitisse viver noutro ritmo. Durante algum tempo, associei abrandar a ser preguiçosa, e demorei a desconstruir esse preconceito. No entanto, à medida que fui compreendendo a minha natureza, percebi que não se trata de “parar”, mas sim de viver de forma mais alinhada, respeitando o meu ritmo. Curiosamente, percebi também que, quanto mais equilibrada estou, mais produtiva me torno. E quem trabalha comigo sabe o quanto continuo a dedicar-me — apenas sob outro prisma.

Diria que, desde os 30 anos, a minha vida tem vindo a encontrar gradualmente um equilíbrio. Já não saio da clínica às 22h, nem começo os turnos às 08h. E isso deu-me margem para incorporar a minha vida familiar como prioridade — mas reconheço também que é fruto do tanto que me dediquei nos anos como “Geradora”.

De que forma é que sentes que “estás a viver o teu Desenho”? Que guias a humanidade enquanto Projectora?
Acredito que vivo o meu desenho sempre que partilho o que sei, com a intenção genuína de ajudar os outros a encontrarem o seu equilíbrio e o seu caminho — sejam pacientes, alunos, a minha equipa ou a minha família. Não se trata de dizer o que devem fazer, mas sim de oferecer uma perspetiva que talvez ainda não tenham considerado. Por vezes, sinto que consigo ver ou sentir, de forma empática, algo que não está a ser verbalizado, o que me permite oferecer um suporte mais profundo e autêntico.

É assim que sinto que guio os outros: através da presença, da escuta, da observação, da intuição e da partilha — sem pressa e no momento certo.

O que estás a descondicionar neste momento? Que partes de ti, ou da tua forma de estar/pensar/ser estão a ir embora, para dar lugar a uma versão ainda mais alinhada e livre?
Neste momento, estou a libertar-me da necessidade de agradar sempre aos outros, de corresponder às suas expectativas e do julgamento constante (muitas vezes, o meu próprio!). Durante muito tempo, coloquei o bem-estar dos outros à frente do meu, com medo de dececionar ou de não ser suficiente. Agora, estou a aprender a dar-me permissão para ser quem sou, a aceitar que não sou perfeita — e a achar isso incrível!

Também comecei a ter aulas de canto lírico e de dança latina (bachata) — algo que sempre quis fazer, mas que nunca me permiti por vergonha, medo de errar ou de ser julgada. Às vezes, sinto-me como uma combinação improvável: empresária, especialista em MTC integrativa, podcaster, mãe, fascinada pelo budismo, Disney, canto lírico , danças latinas e, ora estou de jardineiras ora com um fato! Desconstruir-me tem sido uma experiência dura mas importante. A terapia tem sido crucial. Sinto que estou finalmente a dar voz e movimento a partes de mim que ficaram escondidas durante demasiado tempo — e a aprender a honrá-las com confiança, em vez de as esconder. É como se, aos poucos, estivesse a voltar a casa… Que viagem!

Uma vez que tens Autoridade Esplénica, como te conectas com a tua intuição?
A minha intuição manifesta-se de várias formas — e desde pequenina! Os meus sonhos acontecem todos, ahaha!

No dia a dia, surge muitas vezes como um impulso instantâneo — aquela sensação súbita de “sim” ou “não” que não precisa de explicação. Por isso, procuro estar atenta ao meu corpo, ao que me rodeia, aos sinais subtis e àquela voz interior que, embora suave, nunca se engana. Outras vezes, a resposta surge quando verbalizo as minhas questões em conversas. Ao falar em voz alta, sinto que vou descontraindo e ouvindo-me, e é nesse processo que a clareza se revela naturalmente.

É como se, ao dar voz ao que sinto, a resposta viesse ao meu encontro. E quanto mais confio na minha intuição, mais a vida se torna fluida e alinhada. É sensacional.

 

 

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